"Para fazer Arte é preciso - antes de tudo - vivê-La!" - WC

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um Amor Que Tinha Tudo Para Dar Certo



Como pode esse querer incontrolável de amar o outro possa trazer um transtorno incontrolável em tantas vidas? Não compreendo quando, timidamente, me pedes que entenda o que nem você próprio compreende.

Passou-se quatro Janeiros. Milhares de descobertas, milhares de prantos e sorrisos, encantos e desencantos... Foram muitos os aprendizados!
Porém essa nova situação parece-me demasiado pesada para eu suportar como mero coadjuvante da cicatriz deixada. Hoje sou eu quem peço: "Compreenda-me."
Percaba de uma vez que esse fardo é pesado de mais para mim. Eu não suportaria ter como base da nossa relação essa coisa nojenta que você ousou-me propor!


Fostes tu um dos mais empenhados em querer me ver liberto das amarras sociais, que eu voasse livremente como uma linda Fênix... Todo aquele coletivo de amizades confusas mas honrosas mostrou-me quão lindo é premitir-se ser o que se é. E agora isso? Agora me pedes para reprimir meus sentimentos de afeição pela tua pessoa que sempre vi como uma alma bela.


Vijia-te! Estás te perdendo neste perigoso jogo. Perdes não só a ti, perdes também muitas coisas lindas que fostes um dia. E agora sinto que estás me perdendo um pouco também. E o que mais dói é perceber que já não possuis mais aquele brilho nas pupilas negras de teus olhos frenéticos. Foges à tua inocência... E como ela te faz falta!


As habilidades com as palavras não me são privilégio para expressar o que tento arrancar do peito, porém espero que estas palavras - arrancadas do fundo secreto de minha alma - que se expõe a todo instante ao frio tribunal da minha calma, possa fazer com que acordes antes que esse trem (subterrâneo, obscuro, escuro) chegue ao ponto antes dos ponteiros naturais.
Mas como já cantou Ângelo Vigo:


É mais uma canção
Que ninguém vai cantar


Wesley Conrado

Rio Grande, RS - 13/03/2008

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sob As Asas De Um Anjo Decaído


No trânsito confuso e pseudo violento que minhas ações mais tranquilizantes fantasmagoricamente embriagam - sem saber que estão alimentando a loucura de um monstro sombrio e calculoso - é que encontro a mais derradeira paz.
Hipnotizado pelo zunido que uma abelha, carregadora de pólem com qualidades inenarráveis, insiste em fazer bem perto ao meu ouvido quente... Ouço como se a doce voz de um anjo decaído penetrasse meus pensamentos mais sublimes para posteriormente aterrorizá-los. No entanto o furacão parece-me aconchegante!

Sinto o verdadeiro pulsar nestes pequenos flashs de insanidade reprimida. A vida te cobra muito, o preço da solidão é altíssimo porém quem nunca esteve disposto a pagá-lo?
O cinza cru dos seres grotescamente coloridos descolorem de forma involuntária o pseudo cinza das pessoas ultrajantemente chamadas de cinzentas pelo seu modo de viver e suas atitudes corriqueiras, saca?

Dormir sob as asas de um anjo te (e)leva a cruxificação. Não! Não podemos ser sublimes e, ao mesmo tempo, é tão bom não ser divino.
Eternamente tremendo os músculos, os sentidos e os prazeres na corda-bamba entre o paraíso e o purgatório.
A luz consome. A escuridão te cala. Por esse motivo escrevo.


Wesley Conrado
São Paulo, 31 de Maio de 2010.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Depressão Não Nos Falta

FOTO: Wesley Conrado

O amanhecer é reconhecido pelo ruído dos pássaros lá fora. Enquanto isso, soterrado no seu quarto-mundo escuro e iluminado apenas pela pequena e vivaz chama que desfigura o toco de vela que ainda resiste, ele fuma LenTA(L)mente um cigarro - velho conhecido - e a cada sete minutos ele olhava no celular e ficava a calcular o tempo de sossêgo e ócio que ainda lhe restava antes que aquele irritante e maldito despertadar (que ele próprio programara para acordá-lo, para quê se pouco dormia?) iniciasse seu show matinal para trazê-lo novamente para aquela realidade que o deixava cada vez mais confuso...


Wesley Conrado