"Para fazer Arte é preciso - antes de tudo - vivê-La!" - WC

domingo, 2 de março de 2014

Preste Atenção Ao Que Eu Não Digo

Minha voz quando calada prende um grito estarrecedor. Se a ti perturba a minha quietude, saiba que aqui dentro minha mente e meu peito proseiam dor e amor. E eles também perturbam-me com suas complexas contradições!
Minha voz quando calada saliva de dizer...

- E mesmo o dizer tudo, é nada.

Respondo e silencio. Mas minhas pupilas descrevem tudo aquilo que pela boca é impossível dizer!
Se me afagas surgem parenteses em minha face (minha boca muda, alarga-se ao tua carícia perceber). Silenciosamente as mãos se acham e as línguas, no andar de cima, transam insanas sob céu da boca.

VONTADE

Eu não sou um homem de vida fácil e fútil. E, talvez nem nos queiramos tanto assim para ter uma carne dentro da outra, no entanto os nervos de minha boca ainda salivam pelos nervos da outra!
Quem dera em meu viver poder novamente acariciar suas entranhas...
Cativo em minha só solidão, procuro a sua só solidão para talvez encontrá-la e, em fim, desnudar novamente, por infinitas vezes o teu corpo macio, o teu cheiro enlouquecedor e a tua intimidade viciosa.
Entretanto, isso é apenas vontade não saciada!
E nessa dor indescritível a paixão segue sem sentido. Sentimento corrosivo. As vísceras se diluindo... E o coração tentando o suicídio.

WC

SOLIDÃO

Oh, Solidão!
Abrigo de toda a dor
Hoje faz morada em meu peito
Já cansado de desamor

Te escondes na escuridão
Refugiada em meus pulmões
E a cada tragada amargurada
Danças como se num salão

Oh, Solidão!
Escuta esse meu violão
Através dele te peço liberdade
E te aprisiono nesta canção

WC

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Carta Ao Sr. Cinismo

- Oi, Sr. Cinismo! Tudo bem? Espero sinceramente que sim.

"Ah, Cinismo, hoje te pego de frente, mas não precisa fazer essa cara de vítima, não. As vítimas são as piores, você sabe...
Caro - e põe caro nisso - Cinismo, você me odeia, digo, rodeia e eu insisto em acreditar na vã ilusão de que te conheço. Mas você, Cinismo, é cínico para comigo também!
V-o-c-ê   n-ã-o   p-r-e-s-t-a.
Você sempre se traveste com os seus melhores disfarces como e quando quiser.
Vocênãotemescrúpulonemsentimentosdeculpacompaixãoecoisasmaisquehabitaumcoração.
Ufa!
Em fim, cuidado meu velho, esses são sintomas de psicopatas. Alías, você ainda sente as suas artérias pulsarem, hein?
Hoje você se mostra desprevinido pois suas artimanhas já não podem me enganar, apesar de eu alimentar a fera para depois saboreá-la, entende? Hum... É claro que sim. Dou corda para o enforcamento de Judas. Dou corda para você se enforcar.
Cinismo, você realmente conseguiu matar minhas poucas crenças na humanidade."

- Obrigado, Sr. Cinismo, você sempre me encoraja e sabe como me fazer agir.

Grato.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ainda Em Pedaços

Monólogo auto-explanatório

            Não. Na verdade já faz um largo tempo que encontrei a mim mesmo, de certo que não por inteiro. Ainda procuro por diversos fragmentos e os mais difíceis de encontrar são os localizados na região da cabeça – são pedaços minúsculos onde as linhas misturam-se a todo o instante, confuso de entender. Ai! Fico tonto só de forçar a memória para tentar lembrar...
            Você (você mesmo). Já tentou ao menos encontrar alguma peça que se encaixasse dentro da sua cabeça? Ou ainda possui aquele tímido invólucro, tais os livros novos que ficam velhos por suas páginas permanecerem ainda virgens?
            Em minha página final, excruciantemente, não encontrei a palavra FIM, mas sim outras tantas que permaneciam obscuramente em branco. Por que diabos comecei a ler a mim mesmo tão na aurora e vorazmente?! Penso agora que esse branco oco, esse gelo derretido ele mexeu comigo. Comecei a perceber e reconhecer coisas que nunca antes me permitira e, como de um repente, eu estava no total controle das coisas eu estava no controle de mim eu finalmente havia me encontrado! Ai... a minha cabeça ainda dói. Por onde andam os meus pedaços? Onde estão àqueles pedaços, aqueles pequeninos pedaços?!
            Ainda ontem, depois de uma acirrada procura, tal e qual um cão farejador e acusativo, percebi que havia conseguido decifrar alguns minúsculos pedaços que antes pareciam, eles pareciam... não pareciam absolutamente com nada! Hoje os identifico e reflexamente me identifico também. Hoje sinto que me encontrei um pouco, bem pouco, mas acredito que já é um progresso.

- A Ordem depois colocamos em seu devido lugar! (ri) A Ordem depois colocamos no seu devido lugar... Ainda falta brindar o progresso. Por Deus, um puta progresso!

Abre uma garrafa de vinho e acende um cigarro – velho companheiro. Depois wisky e maconha
(Porque não?).

Wesley Conrado

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um Amor Que Tinha Tudo Para Dar Certo



Como pode esse querer incontrolável de amar o outro possa trazer um transtorno incontrolável em tantas vidas? Não compreendo quando, timidamente, me pedes que entenda o que nem você próprio compreende.

Passou-se quatro Janeiros. Milhares de descobertas, milhares de prantos e sorrisos, encantos e desencantos... Foram muitos os aprendizados!
Porém essa nova situação parece-me demasiado pesada para eu suportar como mero coadjuvante da cicatriz deixada. Hoje sou eu quem peço: "Compreenda-me."
Percaba de uma vez que esse fardo é pesado de mais para mim. Eu não suportaria ter como base da nossa relação essa coisa nojenta que você ousou-me propor!


Fostes tu um dos mais empenhados em querer me ver liberto das amarras sociais, que eu voasse livremente como uma linda Fênix... Todo aquele coletivo de amizades confusas mas honrosas mostrou-me quão lindo é premitir-se ser o que se é. E agora isso? Agora me pedes para reprimir meus sentimentos de afeição pela tua pessoa que sempre vi como uma alma bela.


Vijia-te! Estás te perdendo neste perigoso jogo. Perdes não só a ti, perdes também muitas coisas lindas que fostes um dia. E agora sinto que estás me perdendo um pouco também. E o que mais dói é perceber que já não possuis mais aquele brilho nas pupilas negras de teus olhos frenéticos. Foges à tua inocência... E como ela te faz falta!


As habilidades com as palavras não me são privilégio para expressar o que tento arrancar do peito, porém espero que estas palavras - arrancadas do fundo secreto de minha alma - que se expõe a todo instante ao frio tribunal da minha calma, possa fazer com que acordes antes que esse trem (subterrâneo, obscuro, escuro) chegue ao ponto antes dos ponteiros naturais.
Mas como já cantou Ângelo Vigo:


É mais uma canção
Que ninguém vai cantar


Wesley Conrado

Rio Grande, RS - 13/03/2008

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sob As Asas De Um Anjo Decaído


No trânsito confuso e pseudo violento que minhas ações mais tranquilizantes fantasmagoricamente embriagam - sem saber que estão alimentando a loucura de um monstro sombrio e calculoso - é que encontro a mais derradeira paz.
Hipnotizado pelo zunido que uma abelha, carregadora de pólem com qualidades inenarráveis, insiste em fazer bem perto ao meu ouvido quente... Ouço como se a doce voz de um anjo decaído penetrasse meus pensamentos mais sublimes para posteriormente aterrorizá-los. No entanto o furacão parece-me aconchegante!

Sinto o verdadeiro pulsar nestes pequenos flashs de insanidade reprimida. A vida te cobra muito, o preço da solidão é altíssimo porém quem nunca esteve disposto a pagá-lo?
O cinza cru dos seres grotescamente coloridos descolorem de forma involuntária o pseudo cinza das pessoas ultrajantemente chamadas de cinzentas pelo seu modo de viver e suas atitudes corriqueiras, saca?

Dormir sob as asas de um anjo te (e)leva a cruxificação. Não! Não podemos ser sublimes e, ao mesmo tempo, é tão bom não ser divino.
Eternamente tremendo os músculos, os sentidos e os prazeres na corda-bamba entre o paraíso e o purgatório.
A luz consome. A escuridão te cala. Por esse motivo escrevo.


Wesley Conrado
São Paulo, 31 de Maio de 2010.